sábado, 14 de agosto de 2010

Comecemos pelos Vaudevilles

Para onde você iria num sábado à tarde se tivesse nascido por volta de 1900 e fosse uma pessoa absolutamente antenada com o circuito cultural ? A resposta é óbvia: se acotovelaria nas filas imensas para os grandes espetáculos de variedades chamados Vaudevilles. Isso se você tivesse a sorte de ter nascido nos EUA, lógico. Se fosse por aqui, você seria um chato envolvido com a Semana da Arte Moderna.

O Vaudeville marcou o entretenimento popular americano após o período da Guerra Civil e fomentou o envolvimento de grandes empresários e herdeiros, que viram nesse tipo de acontecimento um modo lucrativo de se estabelecerem num período de recessão: teatros, artistas, números e ingressos eram praticamente utilizados como moeda de troca. Nascia, na época ainda por extenso, o Show Business.

(Se quiserem mais informações sobre o termo Vaudeville, nos perguntem mais tarde. Não nos aprofundaremos nisso aqui pois não interfere na história geral do gênero. Em resumo, vem de uma referência ao Grande Show de Variedades do Sargento Vaudeville, de onde? Kentucky! Lóóógico.

Os espetáculos aconteciam em grandes teatros nem sempre populares e incluíam, entre várias outras, apresentações de músicos, animais amestrados, engolidores de espada, mágicos, acrobatas, peças teatrais curtas, dançarinos, etc. Os artistas eram itinerantes e ganhavam por número. Eles costumavam rodar os EUA utilizando o trem como meio de transporte para chegar neste ou naquele centro onde o burburinho artístico se fazia em cada momento.

Dando um tempo na teoria, provamos aqui que vocês já tiveram contato com os Vaudevilles. Sim, mesmo no Brasil dos anos 80 e 90. Acreditem! Acontece que os desenhos que assistíamos traziam diversas vezes retratos daquela época e gente, só não sabíamos direito o que era:




Viram só? Vaudeville está no inconsciente coletivo de várias gerações. Betty Boop, por exemplo, era uma típica artista desse desse espetáculo e os desenhos que trazem ela dançando e cantando em palcos de grandes teatros ainda podem ser encontrados facilmente na Internet.

E como todos os artistas, apesar da irmandade que une gente que canta, dança e trabalha arduamente em seus números para comer o pão-de-cada-dia, existiam muitas rivalidades e trocas de farpas. O público realmente definia o que queria ver por meio de aplausos ou vaias e artistas puxados para fora do palco por grandes bengalas eram bem comuns (Ahhh... se lembram disso, né?).

Esses espetáculos foram acabando com a chegada do Cinema. Os grandes teatros tornaram-se salas de projeções e seus artistas mais conhecidos migraram para os estúdios que eram bebês naquele tempo, os demais devem ter morrido de fome ou foram trabalhar em lanchonetes de Los Angeles. Nos anos 40 o cinema era ainda tão ligado à fase de entretenimento Vaudeville que vários de seus filmes musicais tinham enredos por onde circulavam esses heróis que carregavam baús imensos de onde saiam trajes, perucas, instrumentos e plumas cujos talentos são até hoje refletidos em nossos palcos modernos e em nossos filmes de alta tecnologia.

Para finalizar este post, deixamos com vocês um trecho de Easter Parade, em que Judy Garland e Fred Astaire (dois dos artistas nascidos no Vaudeville e que conseguiram se estabelecer nas telas) retratam um pouco dessa época de valor inestimável:







Lição de Casa (anotem na lista "Filmes a Assistir" de seu Moleskine):
- For me and my Gal (1942);
- Cover Girl (1944)
- O Pirata (1948);
- Parada de Páscoa (1948);
- Royal Wedding (1951).

                                                                                 "Então eu cresci num mundo louco
                                                                                  nas salas de vestir, nas salas de hotéis, nas salas de espera
                                                                                  e nas salas atrás dos palcos.
                                                                                  E não posso me esquecer das intermináveis linhas
                                                                                  de noites sem dormir e noites sem comer
                                                                                  e noites sem uma moeda nos meus jeans.

                                                                                  Mas está tudo dentro do jogo e no modo como você joga.
                                                                                  E tem que jogá-lo, você sabe.
                                                                                  Quando se nasce num baú, no Teatro Princess,
                                                                                  em Pocatello, Idaho."

                                                                                                                Born in a Trunk, de Leonard Gershe.



                                                                   

                                                                                                                                            Fernanda Baggio
                                                                

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